A Felicidade está AQUI e AGORA!

Realmente compreendo que algumas pessoas podem relacionar felicidade ao consumo. Compreendo também que algumas pessoas acreditem nela como um prêmio. É até possível vê-la como moda, embora de início já saibamos que não é tão passageira.

Vamos ver isto com olhos um pouco mais atentos. Como guia para este olhar, reflito sobre um pensamento de Sua Santidade, o Dalai Lama, quando perguntado o que era mais importante: Amigos, Dinheiro, Família ou Tranquilidade Mental.
Ele responde que se tivermos Amigos, sem Tranquilidade Mental, fatalmente teremos poucos amigos, e talvez vamos atrapalhar a vida destes poucos. Se tivermos Dinheiro, mas sem a Tranquilidade Mental, não saberemos desfrutar deste Dinheiro. Se tivermos uma excelente família, mas não estamos com ela em Tranquilidade Mental, seremos um fator perturbador aos nossos familiares. Acho que aqui temos uma dica importante sobre onde podemos encontrar Felicidade.

Pergunto a muitos de meus alunos e amigos, qual foi o momento mais feliz de sua vida. A maior parte das mães e pais costumam responder algo relacionado ao nascimento de seus filhos. Mesmo aqueles que relacionam a felicidade a uma grande conquista, rapidamente, ao refletir de maneira mais profunda, identifica a efemeridade de nossas conquistas.

Certa vez, trabalhei como voluntário em um asilo com muitos idosos, e uma senhora muito falante sempre vinha conversar comigo, e contar piadas. Tinha muita alegria e felicidade, e nenhum aparente motivo para estar lá, poderia viver bem sozinha sem precisar de cuidados extras. O motivo de sua internação no asilo, era para estar ao lado do marido, ele sim precisava de cuidados, pois já tinha perdido muito da capacidade de visão. E a maior alegria desta senhora, era passar as tardes lendo para seu marido. Ela dizia que naquele momento da vida sua alegria era poder retribuir o tanto que tinha aprendido com seu marido, homem culto e letrado. E que perdera a capacidade de ver e ler.

Conheci e aprendi muito este ano com Irmão Antônio (Phap Nhan), monge da Ordem do Inter-Ser de Thich Nhat Hanh. Certo dia presenciei uma provocação que ele recebeu, sobre o fato dos monges não fazerem nada para ajudar o mundo, a não ser ficarem rezando e meditando. Ele serenamente respondeu que não sabia se estava fazendo o certo, mas que ele não tinha carro, não tinha computador, e além da roupa do corpo, tinha apenas mais duas roupas monásticas. E concluiu: Não sei se estou ajudando, mas se o resto das pessoas fizesse como eu, não teríamos o aquecimento e a devastação do planeta que temos hoje. Pensando deste jeito, acho que estou ajudando. E termina a frase com um sorriso feliz.

Assim, o que temos em comum entre o raciocínio do Dalai Lama, o que averiguo ao perguntar aos pais, a resposta do Irmão Antônio e também o que associo à história desta senhora que conheci.
Em todos os casos as pessoas estão atentamente direcionadas em auxiliar ao próximo.
Porém não é apenas auxiliar ao próximo, pois se não estamos atentos, serenamente atentos em ajudar, podemos gerar gestos de carinho indesejados, como uma tia que aperta as bochechas do sobrinho, que claramente mostra sua aversão a isto.

Minha dica: Se você quiser ser feliz, auxilie aos outros, e cultive sua tranquilidade o máximo que conseguir. Quando vivencio momentos difíceis, aprendi a desfrutar a plena atenção na respiração, desta forma me tranquilizo, e percebo como posso agir de forma mais benéfica. Assim, AQUI e AGORA, respirando me percebo, e FELIZMENTE posso tomar o gesto mais suave e possível deste instante. Assim me sinto FELIZ! Parece que não falha!