Religiões e Paz

Artigo para o Jornal Ciência e Fé, em Abril de 2010

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Os temas religiões e paz parecem sempre estar próximos um do outro, mas muitas vezes não parecem caminhar juntos.

Estudei diretamente com dois maiores mestres budistas de nossos tempos, Sua Santidade o Dalai Lama, de quem recebi transmissões de ensinamentos importantes. Ele é o ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1992.

Sou representante e ordenado na tradição zen budista, pelo monge vietnamita Thich Nhat Hanh, autor de diversos livros recordistas de venda, e indicado a prêmio Nobel da Paz por Martin Luther King.

Em 1967, Luther King indicou Thich Nhat Hanh à prêmio Nobel da Paz, em sua carta dizia: “Thich Nhat Hanh oferece uma maneira de sair deste pesadelo, uma solução aceitável para líderes racionais. Ele tem viajado o mundo, aconselhando estadistas, líderes religiosos, eruditos e escritores, que recorrem a seu apoio. Suas ideias para a paz, se aplicadas, poderiam construir um monumento ao ecumenismo, à fraternidade mundial para a humanidade.”

O que Luther King encontrou em Thich Nhat Hanh e sua vivência budista?

Se você ler seus livros “Vivendo Buda, Vivendo Cristo”, ou se você ler “Jesus e Buda, Irmãos” entenderá um pouco do que encantou Luther King, o mais jovem ganhador do prêmio Nobel da Paz, e um eloquente pastor da Igreja Cristã Batista.

Thich Nhat Hanh ressalta dos ensinamentos do Buda e de Jesus aqueles que nos colocam em contato com a Verdade, verdade conhecida no Budismo como Dharma, o ensinamento para um caminho de Compreensão e Amor. Sem idolatria, hierarquias, imposições culturais, adorações, fanatismos, prostrações, ou excessivas regras e mandamentos. “O Reino de Deus está dentro de vós” (Lucas, 17, 21) ou “A paz vem de dentro de você mesmo. Não a procure à sua volta.” (Buda)

Não só as tradições religiosas, mas também as educacionais e políticas, colaboram para a paz quando auxiliam no desenvolvimento dos seres humanos, estimulando a clareza, a escuta compreensiva, e os gestos de amor. Observo o termo debatedor em encontros inter-religiosos, o Buda não concordaria com isto, pois quando lhe propuseram o debate, preferiu o silêncio. Pois no silêncio podemos escutar, aos outros, e também a nós mesmos. No silêncio podemos desenvolver compreensão, e aí então, talvez nem falar, ou talvez falar, desde que seja um gesto de Amor.