A Yoga e os Contorcionistas

Texto de 18/12/2002

O Circo possui algo de mágico, quando a partir de um terreno vazio se estende a lona e colocam-se as cadeiras, está criado um ambiente onde passarão pessoas que estarão construindo uma maravilhosa fantasia, que encanta a todos, sobretudo as crianças.

Entre as inúmeras atrações, sempre possui especial destaque, aqueles que conseguem contorcer o próprio corpo, e controlar-se em posições incomuns, os chamados contorcionistas.

Da última vez que fui ao circo, um dos vários detalhes que me chamaram a atenção era o belo corpo da contorcionista, músculos rígidos, ombros, braços e pernas muito fortes que se exercitavam em posições muito similares as que conhecemos pela prática de alguns adeptos da Yoga.

Naquele instante, compreendi um aspecto muito importante sobre como a Yoga poderia ser conduzida e praticada. Algumas abordagens à prática da Yoga ressaltam ásanas (posições) que valorizam a força, a juventude e a beleza do praticante, este último item muitas vezes salientado pela busca de um perfil mais jovem de aluno. Este desvio, algumas vezes, também ocorre com alguns praticantes de Hata-Yoga, que acabam por desenvolver um apego, isto é, excessivo apreço pelos aspectos físicos da prática.

O fato é, há um grande número de pessoas que caem nesta armadilha, e como conseqüência, os profissionais de educação física procuram defender, com razão, que eles são os mais preparados como instrutores de atividade física.

A Yoga original possui raízes na busca espiritual, e o uso do corpo é apenas um instrumento desta busca. O corpo deve ser usado como um instrumento da prática meditativa, os benefícios físicos estão em segundo plano frente ao aspecto da meditação.

A prática do Yoga de acordo com os objetivos da Ciência Meditativa enfatiza os resultados e benefícios do processo de meditação.

Outro fato que pode corroborar ainda mais este ponto de vista, é que ninguém pode garantir que os contorcionistas de circo tenham desenvolvido uma capacidade de grande concentração meditativa ou de paz interior, apesar de possuírem corpos maravilhosos como alguns praticantes de Yoga.