Introdução à Meditação ou o Porquê de Meditar


Texto de 17/03/2003

Existem diferentes práticas que recebem o mesmo nome: meditação. Um dos motivos de termos uma única palavra, deve-se a componente cultural ocidental que baseia seu saber sobre a observação do mundo exterior. E por falta de maior questionamento de nossa parte, não percebemos que isto poderia ser diferente. Em algumas culturas orientais, foi alcançado um grande avanço na exploração de nossos níveis de consciência, equivalente à capacidade do ocidente de criar bens e produtos a a partir da natureza. Por isto, em algumas culturas, existem inúmeras palavras para o que chamamos de meditação, diversidade esta, proporcional à riqueza da exploração do universo da mente. Dentro deste contexto de observação, pesquisa, análise e discussão filosófica de nossas percepções e da nossa consciência é que surge a prática de meditar. Um processo de profunda observação das funções mentais, de nossas emoções e comportamentos, que antecede em milhares de anos o surgimento da psicologia.

Portanto, ao descrever um método de meditação, estamos sendo simplistas, reducionistas diante da dimensão que significa nossos processos internos. Parar o corpo, com a coluna ereta, de preferência em posição de lótus, por esta permitir maior resistência à imobilidade. Ou mesmo, parar com as pernas cruzadas, ou em qualquer posição, em que tenhamos a coluna ereta. Estas são as primeiras instruções. O parar o corpo tem como função privilegiar a observação de nossos impulsos e emoções, um compromisso de se aquietar para se perceber. Muitas vezes, colocar o foco da atenção na respiração, pode ser a instrução seguinte, isto para percebermos que a atenção pode ser controlada, que o acalmar das emoções pode ser criado. E assim segue, passo a passo a exploração do nosso verdadeiro mundo, o mundo da mente.

Mas para quê tudo isto? Porque esta necessidade de observar? Esta explicação é mais simples na teoria, e de grande dificuldade de realização: Só podemos agir livremente, se compreendermos os processos de nossa ação, só podemos pensar livremente, se compreendermos nossos processos de pensamento. Caso contrário, o agir e o pensar se tornam reações instintivas às demandas do cotidiano. Devemos meditar para podermos agir e pensar com o mínimo de consciência e liberdade.